Num esporte em que a maioria dos campeões sai de baixo, deixando condições precárias de vida em busca de um sonho no ringue, o jovem de 18 anos Michael Oliveira vem de um outro mundo. Se Acelino Freitas, o Popó, chegou a dormir debaixo de arquibancadas antes do título mundial, o pugilista brasileiro, mas criado nos Estados Unidos, tem uma equipe à disposição, com direito a preparação física, técnico e nutricionista.
O objetivo do atual peso supermédio (até 76,2 kg) é chegar ao inédito título mundial dos pesos pesados para o Brasil. E, para isso, conta com condições que poucos iniciantes teriam. Toda a sua carreira neste início é bancada pela sua família, que investe no filho, hoje já com cinco vitórias como profissional, sendo quatro por nocaute no primeiro assalto.
Neste tradicional "paitrocínio", tudo passa pelo crivo do pai e empresário. Carlos Oliveira foi aos Estados Unidos há 25 anos, para estudar Administração, e levou a família em seguida, para morar definitivamente no país. Michael nasceu em São Paulo e, com 15 dias foi para Miami. Apesar de sempre ter morado em território norte-americano, o pugilista garante: é brasileiro.
"Quando subo no ringue, subo como um brasileiro mesmo, eu represento o Brasil. Não tem essa de ser americano", afirmou, com o carregado sotaque dos norte-americanos. Michael aprendeu tanto inglês como português e, para não ter risco de esquecer a língua-mãe, não pode usar o idioma dos Estados Unidos quando está em casa. "Eu sonho em ser o primeiro peso pesado brasileiro a ser campeão mundial."
Para o novato, a força de seu sonho vem de família. Seu avô treinou com Éder Jofre e chegou a lutar boxe, de forma amadora, no que se tornou uma inspiração para que ele iniciasse sua carreira com as luvas. Os primeiros socos no saco de areia começaram aos 13 anos, depois de observar ídolos como Muhammad Ali, Mike Tyson e Oscar de la Hoya, mas só há dois que Michael passou a se preparar para se tornar um pugilista profissional, ao contrário do que gostaria sua mãe.
A condição para que ela liberasse o filho para os treinos foi que o pai acompanhasse. Assim, Carlos se tornou empresário e principal investidor na carreira do filho. Apesar de não revelar publicamente o valor, os custos com Michael são cerca de quatro vezes mais que o que um pugilista da seleção brasileira ganha mensalmente.
"A minha mãe não gostou muito da ideia, mas não teve opção. Então falou que meu pai ia trabalhar comigo. Qualquer coisa que faço tem de passar por ele", explicou Michael, que hoje já conta com patrocínio da mãe, Christina Degreas, dona de uma loja de roupas de praia.
Sem ter experiência anterior com o boxe, o pai e empresário admite que é duro trabalhar na modalidade. "É uma máfia e, nestes últimos dois anos, aprendi muita coisa errando e conhecendo pessoas, sempre indo a muitas lutas", afirma ele. Segundo Carlos, o sucesso inicial do filho já rendeu ofertas. "Ele já teve proposta do Don King, para assinar com ele por US$ 80 mil. Mas eu não tenho motivo para perder o controle da carreira dele."
Disciplina, vontade e nocautes
A contradição entre as vidas de garotos como Michael e outros que começam no boxe é grande. Mas é por isso mesmo que o brasileiro diz se esforçar ainda mais para atingir seus objetivos. Até aqui, com cinco adversários também modestos, em início de carreira, venceu a todos: o último foi por pontos e os outros quatro por nocaute no primeiro assalto.
"Tenho até mais garra que meus rivais. O meu gosto pelo boxe vem de família, não porque sou obrigado", disse o pugilista. "Quando subo no ringue sinto uma força que não sei de onde vem, eu adoro estar lá. E tenho de ter mais vontade do que a maioria dos outros, que morrem de fome se o boxe não der certo. Tenho de ser duas vezes mais forte para chegar ao título."
A disciplina é ponto fundamental para isso. Michael treina duas vezes por dia em uma academia, sendo muitas vezes, segundo ele, o primeiro a chegar e o último a ir embora. A alimentação é balanceada, e as baladas que os amigos frequentam estão fora dos planos. Mesmo sendo tão novo, o jovem lutador acha que valerá a pena. "Se pararmos para pensar, estou cinco anos à frente de todo mundo. O boxe me ajudou a amadurecer", comenta ele, que tenta aplicar um estilo versátil em suas lutas, combinando o que aprendeu assistindo aos ídolos.
Entre seus próximos planos, o pugilista quer começar a criar uma torcida brasileira. O pai e empresário viaja nesta semana para o Brasil, na tentativa de negociar lutas e transmissões de combates de Michael. "Quero subir ao ringue no Brasil, tenho familiares e amigos que não podem vir me ver. Além disso, não gostaria de ter somente o público norte-americano, quero ter o brasileiro e, talvez, ficar até mais por aí. Nos Estados Unidos já há muitos bons lutadores, agora quero que saibam que o Brasil também tem."
O objetivo do atual peso supermédio (até 76,2 kg) é chegar ao inédito título mundial dos pesos pesados para o Brasil. E, para isso, conta com condições que poucos iniciantes teriam. Toda a sua carreira neste início é bancada pela sua família, que investe no filho, hoje já com cinco vitórias como profissional, sendo quatro por nocaute no primeiro assalto.

Neste tradicional "paitrocínio", tudo passa pelo crivo do pai e empresário. Carlos Oliveira foi aos Estados Unidos há 25 anos, para estudar Administração, e levou a família em seguida, para morar definitivamente no país. Michael nasceu em São Paulo e, com 15 dias foi para Miami. Apesar de sempre ter morado em território norte-americano, o pugilista garante: é brasileiro.
"Quando subo no ringue, subo como um brasileiro mesmo, eu represento o Brasil. Não tem essa de ser americano", afirmou, com o carregado sotaque dos norte-americanos. Michael aprendeu tanto inglês como português e, para não ter risco de esquecer a língua-mãe, não pode usar o idioma dos Estados Unidos quando está em casa. "Eu sonho em ser o primeiro peso pesado brasileiro a ser campeão mundial."
Para o novato, a força de seu sonho vem de família. Seu avô treinou com Éder Jofre e chegou a lutar boxe, de forma amadora, no que se tornou uma inspiração para que ele iniciasse sua carreira com as luvas. Os primeiros socos no saco de areia começaram aos 13 anos, depois de observar ídolos como Muhammad Ali, Mike Tyson e Oscar de la Hoya, mas só há dois que Michael passou a se preparar para se tornar um pugilista profissional, ao contrário do que gostaria sua mãe.
A condição para que ela liberasse o filho para os treinos foi que o pai acompanhasse. Assim, Carlos se tornou empresário e principal investidor na carreira do filho. Apesar de não revelar publicamente o valor, os custos com Michael são cerca de quatro vezes mais que o que um pugilista da seleção brasileira ganha mensalmente.
"A minha mãe não gostou muito da ideia, mas não teve opção. Então falou que meu pai ia trabalhar comigo. Qualquer coisa que faço tem de passar por ele", explicou Michael, que hoje já conta com patrocínio da mãe, Christina Degreas, dona de uma loja de roupas de praia.
Sem ter experiência anterior com o boxe, o pai e empresário admite que é duro trabalhar na modalidade. "É uma máfia e, nestes últimos dois anos, aprendi muita coisa errando e conhecendo pessoas, sempre indo a muitas lutas", afirma ele. Segundo Carlos, o sucesso inicial do filho já rendeu ofertas. "Ele já teve proposta do Don King, para assinar com ele por US$ 80 mil. Mas eu não tenho motivo para perder o controle da carreira dele."
Disciplina, vontade e nocautes
A contradição entre as vidas de garotos como Michael e outros que começam no boxe é grande. Mas é por isso mesmo que o brasileiro diz se esforçar ainda mais para atingir seus objetivos. Até aqui, com cinco adversários também modestos, em início de carreira, venceu a todos: o último foi por pontos e os outros quatro por nocaute no primeiro assalto.
"Tenho até mais garra que meus rivais. O meu gosto pelo boxe vem de família, não porque sou obrigado", disse o pugilista. "Quando subo no ringue sinto uma força que não sei de onde vem, eu adoro estar lá. E tenho de ter mais vontade do que a maioria dos outros, que morrem de fome se o boxe não der certo. Tenho de ser duas vezes mais forte para chegar ao título."
A disciplina é ponto fundamental para isso. Michael treina duas vezes por dia em uma academia, sendo muitas vezes, segundo ele, o primeiro a chegar e o último a ir embora. A alimentação é balanceada, e as baladas que os amigos frequentam estão fora dos planos. Mesmo sendo tão novo, o jovem lutador acha que valerá a pena. "Se pararmos para pensar, estou cinco anos à frente de todo mundo. O boxe me ajudou a amadurecer", comenta ele, que tenta aplicar um estilo versátil em suas lutas, combinando o que aprendeu assistindo aos ídolos.
Entre seus próximos planos, o pugilista quer começar a criar uma torcida brasileira. O pai e empresário viaja nesta semana para o Brasil, na tentativa de negociar lutas e transmissões de combates de Michael. "Quero subir ao ringue no Brasil, tenho familiares e amigos que não podem vir me ver. Além disso, não gostaria de ter somente o público norte-americano, quero ter o brasileiro e, talvez, ficar até mais por aí. Nos Estados Unidos já há muitos bons lutadores, agora quero que saibam que o Brasil também tem."
