Seleção de boxe releva passado e renova por ciclo olímpico até 2016

Depois de um bom desempenho em Pequim, em 2008, quando dois lutadores ficaram a apenas uma vitória de conquistarem a medalha de bronze, o Brasil vive uma renovação com a entrada do novo ciclo olímpico. De olho não apenas em Londres-2012, mas também nos Jogos de 2016, que podem inclusive ser realizados no Rio de Janeiro, a seleção brasileira tem apostado em novos talentos, relevando os resultados do passado por uma estratégia de longo prazo.

"Hoje, Equador e Argentina tem subido de produção. Tudo por investirem na base", explicou o treinador. "Temos de fazer um trabalho assim, desde o infantil, trabalhar bem mesmo. Ter melhores técnicos e utilizá-los trabalhando nessas categorias para vermos o futuro dentro não só de quatro anos, mas de oito, doze."

Ainda contando com veteranos como Washington Silva, quinto colocado em Pequim e já com 31 anos, João Carlos quer ter em mãos a chance de formar um novo time, enquanto ainda tenta usar os atletas experientes. No caso de Washington, o pugilista da categoria até 81 kg passou por uma cirurgia no joelho e ainda está voltando aos treinos após as Olimpíadas de Pequim. Se não retornar em sua melhor condição, ao menos pode passar a experiência aos mais novos.

"Se temos, em uma categoria, um atleta mais experiente e outro mais novo e de nível semelhante, é preferível renovar", analisou o cubano. "Assim, temos mais tempo para trabalhar com o atleta, desenvolvê-lo, para que ele vá além."

É o caso, por exemplo, de Caíque Henrique, de apenas 16 anos, que já mora na casa da seleção, no ABC paulista. Trocando o futebol pelo ringue na cidade de Rio Claro (SP), ele aposta no boxe, com o sonho de chegar à medalha olímpica. "Tem sido bom treinar com os lutadores mais velhos. Dá mais experiência e, como estou começando, ajuda muito", comentou ele, que era do juvenil.

Mesmo com o novo trabalho desenvolvido, João Carlos adverte que nenhum dos pugilistas que estiveram no passado na seleção estão descartados. Assim, a juventude não basta aos novos talentos. "Os pugilistas passam por fases diferentes. Tem alguns que você vê que não conseguirão mais evoluir. Com outros, temos de esperar para ver se recuperam o auge, como o Washington Silva. Mas todos tem de estar bem", explicou João Carlos.

Quem se deu bem com as novas configurações deste ciclo olímpico é Paulo Carvalho, que como Washington foi quinto colocado em Pequim, a apenas um triunfo de uma medalha - a única brasileira em Olimpíadas foi na Cidade do México-1968, com Servílio de Oliveira, medalhista de bronze. No caso do baiano, ele é um dos pugilistas que já traz experiência e bons resultados, mas ainda tem 22 anos, tendo chances de permanecer no time em busca do jejum de pódios olímpicos, que já passa de 40 anos.

No momento, a maior disputa por vagas está em duas categorias. Entre os lutadores de até 64 kg, Myke Carvalho, que foi a duas Olimpíadas, briga pelo posto com Eduardo Pereira. Já na categoria até 69 kg, em que Pedro Lima foi ouro no Pan, mas não disputou os Jogos de Pequim, sua briga é com o jovem Esquiva Falcão.

Os pugilistas brasileiros disputam ainda este mês o Torneio das Estrelas, campeonato nacional, e a seleção se prepara para viajar em junho para a Venezuela, em competição. Este ano, o grupo completo já participou de um período de intercâmbio na Itália, e ainda disputará o Mundial, em Milão.

Trote proibido

Em uma casa repleta de homens, como a da seleção brasileira, as brincadeiras não podiam ficar de fora. Assim, por anos os trotes com os novos garotos existiram, dando a eles as tarefas da casa e sempre aproveitando quaisquer oportunidades para tirar sarro dos recém-chegados. Coisa do passado, garantem eles, que foram proibidos pela comissão técnica de "pegar no pé" dos novatos.

Pior para os mais brincalhões, como Eduardo Pereira, o Caveira. No entanto, ele lembra que o respeito prevalece e que os mais jovens inclusive procuram os mais velhos para conselhos. Cada um ainda é responsável por uma parte das tarefas da casa. "Não são obrigações, mas cada um tem a sua função", disse Caveira, que luta no peso até 64 kg.

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